Há 7 anos, um problema que parecia injusto e impossível de ser resolvido me fez pensar: “por que estou passando por isto?”.
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Por que estou passando por isto?
Por Gabriel Granjeiro
O dia 8 de maio de 2017 talvez tenha sido o pior da minha vida e, ao mesmo tempo, um dos mais importantes para moldar quem eu sou hoje.
Tudo corria bem: eu tinha treinado logo cedo, por volta das 7h; havia chegado ao escritório do Gran animado, pois acabara de lançar meu primeiro livro; a empresa estava indo de vento em popa; e era meu aniversário de 25 anos (sim, esse evento ocorreu justamente no dia do meu aniversário).
Ali por volta das 10h30, recebi uma notícia desagradável; péssima. Pela primeira e única vez na vida, senti como se estivesse passando mal, sem ar. Não sei se foi um ataque de pânico ou algo assim, pois nunca tinha sentido algo parecido antes, nem nunca voltei a sentir. Por alguns minutos, me vi incapaz de raciocinar direito. Passei o resto do dia sem conseguir comer e a semana com um aperto no peito.
O problema que surgira — e não, não vou contar o que foi — parecia impossível de ser resolvido, além de extremamente injusto, pois eu nada tinha feito para causá-lo. Naquele fatídico dia, eu não parava de me perguntar por que eu estava passando por aquilo e o que eu havia feito para ser punido daquela forma…
Foi muito difícil lidar com a situação. Talvez você já tenha sentido na pele algo parecido, ou, quem sabe, esteja passando por isso agora mesmo, experimentando o amargo gosto da impotência diante de algo que você não provocou, mas que agora tem de resolver. De fato, quando não enxergamos luz no fim do túnel, é bem complicado continuar avançando. É como se simplesmente desistíssemos…
Mas saiba que a esperança não desistiu de você. Ela permanece onde sempre esteve, a sua disposição, aguardando ser notada.
No meu caso, depois de alguns dias de reflexão, oração e análise, percebi que havia, sim, uma luz fraca — um lampejo de esperança — no distante fim do túnel. Estava longe, mas existia. Havia um caminho. Eu teria, sim, de trabalhar bastante e dedicar muito do meu tempo, mas as coisas tinham jeito. A situação toda era bastante injusta, claro, mas apenas reclamar não traria a solução. O que acontecera, acontecera, e não importava mais a razão, mas, sim, a forma como eu reagiria aos fatos.
O que eu não sabia na época — só descobriria anos mais tarde — é que aquele evento mudaria toda a minha trajetória; isto é, seria um ponto de inflexão que me obrigaria a amadurecer, a ser melhor, a ir muito além.
Aquela experiência foi essencial, ainda, para eu compreender o que é um problema real, concreto. Uma doença grave, a perda de um ente querido, um acidente são exemplos de problemas reais; todo o resto são meros desafios, dificuldades menores, passíveis de solução mesmo que, num primeiro momento, não pareça. O meu “problema” era do segundo grupo, embora no início eu houvesse interpretado que se enquadrava no primeiro.
Talvez você tenha recebido uma notícia ruim como eu recebi sete anos atrás; talvez sua situação seja até pior, e você se sinta recebendo notícias assim o tempo inteiro.
Mas acredite: tempos difíceis, de incontáveis infortúnios e grandes provações que calejam a pele, são também propícios para evoluirmos, desde que saibamos nos reerguer a cada soco, tapa, cuspida e pontapé no traseiro.
Grandes fardos que somos obrigados a suportar — de pé ou de joelhos — trazem consigo enorme potencial de amadurecimento. Só não podemos sair do ringue, deixando tudo para trás, depois de termos levado algumas pancadinhas da vida.
Tudo acontece para um propósito maior. Quem descobre isso logo compreende que o melhor, então, é lutar até cair, depois se levantar e seguir lutando até o próximo tombo. Afinal, viver tem mais a ver com luta livre do que com dança.
É assim que aqueles com espírito de guerreiros se empolgam a cada desafio e, ansiosos para ganhar alguns sopapos, esfregam as mãos e se colocam em posição de briga, cientes de que a cada pancada, a cada tombo, a cada hematoma se tornarão mais fortes e resistentes.
São as adversidades que revelam os nossos talentos, a nossa força e nosso verdadeiro valor. Ora, é impossível passar pela vida sem um revés ou outro; logo, se queremos viver, temos de fazê-lo em sua plenitude, o que implica aceitar as batalhas — pequenas ou grandes — que se fizerem necessárias. Mesmo se nos for apresentado um caminho sem saída que desperte em nós fúria ou pânico, precisamos ser fortes e permanecer calmos.
A sensatez é mesmo crucial: permite que estejamos sempre prontos para lidar com toda a violência da vida e tirar proveito da situação. Você vai se exaltar, sentir raiva, talvez começar a chorar? Vai. Todo mundo reage assim, em maior ou menor grau. O que importa é segurar as pontas, porque a raiva é combustível ruim e quase nunca ajuda na solução dos problemas.
Se você estiver na iminência de surtar, evoque a lição de Sêneca: “Tolerar as provações com a mente tranquila rouba a força e o fardo do infortúnio.” Aquele que reage aos infortúnios com tranquilidade e calma é capaz de contagiar a todos ao seu redor e com isso encaminhá-los a um porto seguro.
A vida é um campo de batalha — literal e figurativamente. Quando nossa tática dá errado e encaramos uma derrota, dificilmente percebemos as razões de mais essa provação. Se não conseguimos entender como contribuímos para o resultado ruim, então, o sofrimento vem com tudo.
Nesse contexto, meu conselho é: em vez de perder tempo questionando o porquê — fique tranquilo, pois o futuro lhe reserva a resposta —, tente responder a uma pergunta mais propositiva, como “e agora?”.
Veja, não adianta esperar uma suposta “melhor oportunidade”, com menos dificuldades, para começar a batalhar por seus sonhos. Esse momento nunca chegará, como bem ensina esta pequena parábola do jesuíta e psicoterapeuta Anthony de Mello: “— E quando pensa em realizar seu sonho?, perguntou o mestre a seu discípulo. — Quando tiver a oportunidade de fazê-lo, respondeu este. O mestre, então, disse-lhe: — A oportunidade nunca chega. A oportunidade já está aqui.”
Quer ver como isso é verdade? Estão abertas ou previstas mais de 100 mil vagas para cargos e empregos públicos em 2023. Após 2 anos de pandemia e concursos represados, estamos, desde 2022, testemunhando a abertura em massa de concursos de grande porte, como ocorreu com o da PMDF, na última semana, e com o do Banco do Brasil, em dezembro.
A oportunidade pode bater à porta mesmo no que parece ser o pior momento da sua vida. Se você se apegar às notícias ruins e continuar alheio à luz que brilha lá no fim do túnel, você jamais sairá dele.
Eu consegui há 7 anos. Você também consegue.
Por derradeiro, lembre-se: quanto mais você disser não para o que é irrelevante, mais poderá dizer sim para o que importa. Isso lhe permitirá viver e desfrutar da vida — a vida que você quer.
Aprenda a identificar o que você pode efetivamente mudar e dedique 100% do seu esforço ao sonho da vez. Empenhe-se que tudo dará certo no final.
Vamos juntos, despertando potenciais, mudando vidas e criando um novo e melhor futuro.
“Deus, concedei-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar as coisas que posso e a sabedoria para distingui-las.” — Prece da Serenidade
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