No meio do caminho tinha uma pedra. Era a mudança.
– Publicado em 18 de setembro de 2016
“No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho. Nunca me esquecerei desse acontecimento.” Carlos Drummond de Andrade
Existem algumas teorias quanto ao significado da pedra, nos versos do poeta, Carlos Drummond de Andrade. Alguns dizem que a pedra seria um obstáculo no caminho da vida. Eu, particularmente, prefiro a versão em que a pedra seria um evento, uma mudança, tão impactante e marcante que poderia ser classificada como um “divisor de águas”. Algo marcante, deixando claro o antes e o depois daquela mudança.
O poema, “No meio do caminho“ foi escrito logo após o nascimento da filha de Drummond, Maria Julieta. O nascimento de um filho, com certeza, é uma mudança impactante. O poeta fez questão de registrar esse fato tão importante em sua vida escrevendo. Mas, e nós? Como encaramos as mudanças e como as mudanças nos afetam?
O primeiro sentimento que vem com a mudança é o medo. Medo é natural, ainda que a mudança seja para uma situação ou estado melhor que o anterior. A mudança mexe com nossas emoções. O medo de falhar, de não conseguir se adaptar. E por esse motivo, somos naturalmente resistentes às mudanças, mas toda mudança também trás aprendizado.
“Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança” Stephen Hawking
Encarar uma grande mudança exige inteligência. Capacidade de adaptação e resiliência. Requer a disposição para abandonar o “status quo”, estado atual das coisas e iniciar uma nova trilha de aprendizagem. O desapego é fundamental nesse momento, mas não o desapego material das coisas tangíveis, como estamos habituados ao uso do termo *desapego*, mas o desapego ao conhecimento adquirido e acumulado. Reconhecer que esse conhecimento já não serve mais e que para enfrentar a mudança, serão precisos novos conhecimentos.
“Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço” Immanuel Kant
Um estudo realizado pela psiquiatra suíça Elizabeth Kubler-Ross, deu origem ao modelo Kubler-Ross, também conhecido como: Os 5 estágios da aceitação de mudanças.
1. *Negação: “Isso não pode estar acontecendo.”* 2. *Raiva: “Por que eu? Não é justo.”* 3. *Negociação: “Poderia ser pior.”* 4. *Depressão: “Estou triste. Me deixa em paz.”* 5. *Aceitação: “Tudo vai acabar bem.”*
Passar pelos 5 estágios da aceitação de uma mudança impactante, é desgastante, consome energia e, em alguns casos, até nos envelhece.
No âmbito corporativo as mudanças são frequentes, muito em função de agentes externos como: Governo, concorrência, tendências de mercado. Nos últimos dois anos, muitas pessoas perderam seus empregos e agora precisam se reinventar. Muitos estão em transição de carreira, outros descobriram o lado empreendedor, muitos estão aprendendo e buscando melhorar o network. Alguns tiveram que mudar de cidade e estado e começar uma nova vida, longe da família e dos amigos.
“Talvez de fato nunca estejamos preparados para o novo. Precisamos sempre nos ajustar, e todo ajuste radical gera uma crise de autoestima; estamos sendo testados, precisamos nos provar. É preciso ter muita autoconfiança para enfrentar mudanças drásticas sem medo” Eric Hoffer
Uma coisa é certa, cada vez que atravessamos uma grande mudança e percorremos os 5 estágios da aceitação, crescemos. Posso estar enganado, mas penso que um dos fatores, relacionados à maturidade de alguém, estaria intimamente ligado à quantidade de vezes que ela precisou se reinventar, por conta de alguma mudança impactante. Antes/Depois.
Rogério Ribeiro
*Fonte:* www.linkedin.com/pulse/meio-do-caminho-tinha-uma-pedraera-mudan%C3%A7a-rog%C3%A9rio-ribeiro-pmp?trk=hp-feed-article-title-like