Prof. Igor Oliveira
Não há dúvidas de que a motivação é uma espécie de combustível que nos mantém em movimento, rumo ao nosso objetivo. Muitas pessoas encontram dificuldades para se manter motivadas, seja por motivos externos (trabalho) ou internos (falta de fé na missão). Parece difícil estar motivado o tempo todo, mas não é. Respeitadas as características individuais, há certos princípios que podem ser empregados, independentemente se você está com vontade ou não de fazer o que precisa ser feito, como estudar, por exemplo. Não são regras imutáveis, mas que gozam de algum fundamento prático. Elas são especialmente úteis quando não sabemos o que fazer ou não temos ânimo para tanto. Algumas são conceitos, outras são dicas mais práticas. Tome nota:
O que você faz em uma área da vida transborda em outras. Se você é uma pessoa disciplinada nos esportes, com algum ajuste você consegue empregar essa disciplina nos estudos. Se você vive esbaforido, correndo de um lado para outro, talvez você se sinta agitado no momento em que está lendo. Se você tenta se concentrar lavando louça, muito provavelmente você vai se concentrar nos estudos.
Habilidades sutis podem ser melhoradas. A maioria das pessoas acredita firmemente que habilidades como disciplina, concentração, comprometimento e lidar com pressão são capacidades fixas, como rótulos que recebemos quando nascemos. Na verdade, essas habilidades são como músculos, pois podem ser marombadas ou adaptadas à necessidade imposta pela tarefa. Ninguém nasce ansioso ou indisciplinado. O problema é que as pessoas acreditam que não podem melhorar e, por isso, não tentam. Toda vez, por exemplo, que você consegue trazer seu foco de volta aos livros após uma divagação é como se você estivesse levantando um peso na academia. Seu foco fica mais forte. Voltemos para a louça. Lavar louça é uma ótima oportunidade de treinar concentração e disciplina. Disciplina, pois é algo que, comumente, as pessoas não gostam de fazer. E concentração, pois geralmente nossa mente viaja quando estamos lavando louça.
Suas capacidades diárias são limitadas. Em que pese a propriedade de serem aperfeiçoadas, as nossas habilidades sutis tem um estoque diário limitado. Se você desperdiça seus recursos de atenção com redes sociais e joguinhos, não vai sobrar muito para os estudos. Quando você se mete em briguinhas no trânsito ou no trabalho, sua capacidade de autorregulação diminui. Utilize com sabedoria seus recursos de foco, disciplina, comprometimento e paciência.
Busque ser equilibrado. Mesmo estudando, trabalhando, sempre arrumei tempo para me exercitar e ficar com minha família. Noto que é mais uma questão de organização que falta de tempo. Costumamos dar muito atenção a atividades pequenas de nossa rotina e abandonamos o que é importante. Na verdade, deveria ser o contrário. Deveríamos dar atenção ao que é importante, como estudar, exercitar-se e ficar com quem amamos, e tentar remanejar o restante. Acho que o pragmatismo que herdei da caserna me ajudou a enxergar o que é essencial e remanejar o supérfluo.
Não sabe o que fazer, organize-se. Se não sabe o que estudar ou se não está com disposição para tanto, organize-se. O quê? Tudo! Desde suas gavetas até sua caixa de e-mails. O modo como você emprega seu espaço diz muito sua personalidade. No trabalho, por exemplo, pessoas com a mesa mais limpa costumam ser mais eficientes. Não estou dizendo que elas produzem mais. Mas sim que elas produzem igual, num tempo menor (eficiência). Ambientes organizados nos deixam menos agitados e permitem que foquemos mais intensamente na tarefa, uma vez que nossa atenção não é dividida com o excesso de estímulos. Em todas as vezes que eu me senti perdido, como num curso ou assumindo uma chefia, eu sempre me agarrava à necessidade de organizar. Etiquetava, limpava, excluía o que não era preciso até que a cinemática do processo passava a fazer sentido.
Não busque dinheiro, mas sim experiências para se aperfeiçoar. Dinheiro não é motivação. Ele pode ser a chama inicial, que dá ignição ao processo. Mas para manter a caldeira acesa, é preciso um motivo maior. Acho interessante focar em “aprender”. Quando eu decidi estudar para um concurso público, claro que pensava em ganhar mais. No entanto, passado um tempo, percebi que aquela motivação inicial não era suficiente especialmente em face dos enormes obstáculos de se manter uma rigorosa rotina de estudos. Decidi encarar tudo como um processo de aprendizado. Ao invés de ficar irritado com minha rotina apertada, tentava aprender habilidades de organização, que poderiam me ser úteis em qualquer fase da vida. Sempre é possível aprender. Se você come ou gasta demais, você pode utilizar isso para aprender a lidar com seus impulsos. Quando aprender passa a ser seu norte, o foco deixa de ser o produto dos seus esforços e passa a ser o processo. A ansiedade de querer chegar logo ao fim se abranda e a qualidade da execução aumenta. O dinheiro acaba chegando mais rápido.
Não tenha pressa de evoluir. Explorando mais um pouco o conceito, quando começamos uma jornada que nos exige a troca de nosso momento de lazer por trabalho, costumamos implorar para que tudo passe o mais rápido possível. Todos têm pressa de passar. Alguns mais que outros. Mas ao direcionar seu foco para a linha de chegada, seu desejo de estar lá, materializado em ansiedade, vai aumentar. Quando estudava, eu tinha um mote que me ajudava bastante. Eu sempre repetia: “este é meu ritmo. Levará o tempo que for preciso”. Ao jogar minha atenção na qualidade dos meus passos, tive uma evolução célere nas disciplinas e sendo aprovado mais rápido que imaginava. Ao focar na linha de chegada, seu desejo de estar lá vai minar a sua capacidade de executar com qualidade a jornada, atrasando a aprovação.
Seja otimista. Se você não conseguiu estudar mais que trinta minutos hoje, você tem duas opções: reclamar que não estudou mais ou agradecer, pois, pelo menos, conseguiu estudar. O otimismo tem ligação direta com sua pré-disposição para agradecer. Se você é aquele tipo que sempre reclama é como se você estivesse alimentando um padrão negativo de conduta. Você está se autossabotando. É incrível como há pessoas que possuem medo de serem felizes. Parecem que andam com o freio de mão puxado e tem o dom de enxergar o copo sempre meio vazio. Essa habilidade permite você se manter no jogo, mesmo quando as coisas não saem como planejado.
Não aceite o mais ou menos. Em tudo que fizer sempre se questione se está fazendo seu melhor. Aquilo que você entrega diz muito sobre você. Eu costumo receber muitos e-mails de alunos me questionando sobre técnicas de estudo ou algo do gênero e vejo que há alguns que não se preocupam nem em formatar minimamente o e-mail. Já recebi mensagens sem pontuação, caixa alta ou parágrafo, mas que, pelo contexto, entendi que se tratava de uma dúvida. Quando for produzir algo, tenha orgulho de sua criação, por menor que seja.
Seja curioso e procure saber o real motivo de tudo. Nunca se contente com respostas prontas do tipo: “você é assim desde criança”. Pesquise para aprender sobre os motivos que levam a você não render como gostaria. Por exemplo: sabemos que nosso cérebro possui uma região mais primitiva, responsável por ações rápidas e impulsivas. Sabemos ainda que nosso cérebro possui outra região responsável por nosso comportamento mais analítico. Se você come um doce durante sua dieta, sua área primitiva venceu. Só de conhecer o mecanismo básico do gerenciamento dos impulsos, tiramos a nossa perspectiva do plano emocional e jogamos para o técnico. O que isso pode ajudar? Ora, tudo! Ao invés de você se sentir culpado, achando que é indisciplinado ou incompetente, você pesquisa sobre maneiras de brincar com as engrenagens que compõe o mecanismo. Não se contentar com respostas prontas tem isso de bom: você passa a se culpar menos e a ter um entendimento mais técnico daquilo que sabota você.
Veja que essas dicas podem ser aplicadas como técnicas. Não é preciso um talento nato. Como sugestão, cole bilhetes pela casa, lembrando você de aplicar o que foi sugerido. Lembretes visuais são ótimos para nos resgatarem quando ingressamos em algum comportamento compulsivo, como reclamar demais ou comer sem parar.
Ao aplicar o que foi proposto, mesmo que de forma mecanizada, você estará construindo uma estrutura que respalda a criação de um ambiente propício ao afloramento natural do otimismo. É como se você estivesse plantando boa vontade com técnica e colhendo motivação.
Abs!
Igor Oliveira.
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